quarta-feira, 23 de abril de 2014

sambinha bom


e se por dentro do dentro, o fora da mão que faz música, houver, e há, música?

Animação Digital não é Desenho Animado: Desenho Animado é melhor

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Ervas Aromáticas, um mundo de saúde cheio de cheiro e sabor

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Aproveitamento de resíduos de madeira: o caso de painéis de aglomerado

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Indústria da Defesa em Portugal: falta iniciativa privada

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a vida da menina não é negócio!

o argumento dela, da veterinária, é que a esterilização prolongará a vida da menina. o meu, que não vou esterilizá-la, é que a vida não se apura em dias mas em intensidade. e o que é o futuro senão um presente a arrotar sonhos de porvir? vou tirar-lhe a alegria que carrega no rabear, deixá-la parada e quieta só porque não pariu? pergunto-lhe, de seguida, se me aconselha também a mim a ser castrada.

silêncio: a verdade começou a cantar.


terça-feira, 22 de abril de 2014

velha mas pouco




experimentei ontem pela primeira vez e fiquei fã: é de textura mais macia mas também mais picante. e aquela forma robusta de ser, bem jeitosa no pegar? já não quero outra.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

surpreendente 21

tudo o que aqui está escrito, e desenhado, e sugerido, dá com tudo.

Animação: o mundo das personagens que são criadas para marcar

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Fluxos Específicos de Resíduos: a Responsabilidade

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Industria em Portugal: o caminho da Indústria para a Defesa

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Depois de extraído, o que acontece ao petróleo? Sabe?

Depois de extraído, o que acontece ao petróleo? Sabe?
funciona assim: quando não se pertence, por opção e convicção, ao padrão o melhor mesmo é ser-se amiúde cega e muda, uma espécie de contenção, para não deixarmos que nos assaltem a razão. Já quem somos ninguém pode roubar.

sábado, 12 de abril de 2014


é assim que acontece, não é de outra maneira

elas, pessimamente mal casadas com ogres, o que as faz ogres também, aproveitam as aulas de dança para se babarem todas na linha da frente - tanto que a baba se confundirá com suor. depois ficam a prolongar a despedida em conversas ofegantes e levam para casa as líbidos encharcadinhas. os maridos gostam, claro, coisa rara, mas começam a ver que os apetites delas têm dias e horas certas. é aí que começam a dizer aos miúdos para irem com elas e também eles começam a assistir na bancada para comprovarem a fonte do entusiasmo das relações sexuais que vão tendo naqueles dias certinhos.

entretanto os ogrinhos andam por lá a gritar e a brincar enquanto que os pais ogres ficam em cima de trombas a apreciar as aulas.

como não sou obrigada a tropeçar nos filhos dos outros enquanto estou num momento de lazer e diversão nem tampouco a levar com gajos a verem-me de cima o rego das mamas, disse: ou eles ou eu. ganhei.

acabaram-se os ogrinhos e ogrões, já só restam as ogres infelizes. por enquanto. é que também sugeri a rotação de professores para não haver aulas viciadas e há mais elas do que eles. vamos ver quantas ficam.

uma coisa é certa: o Juan tem mel, podia bem ser assim a canção.






domingo, 6 de abril de 2014

cáspite!

estar mais de uma semana sem saber que o cartão de débito desapareceu da carteira é normal? mais normal será travar a imaginação para os filmes do cartão durante todos esses dias: cartão a passar nas portagens, plim, plim, plim. e o saldo a ir de carrinho, ou também de mota ou camioneta, a negativo. queres parar? vai tudo correr bem, acabaste de cancelá-lo. o cartão está caído em qualquer canto, não esqueças desse teu sonambulismo, diz-me a outra voz - a única que me sossega.

ando a ficar confusa com a ortografia. tenho de ter ainda mais, talvez o triplo, cuidado. é muita informação em acordo ortográfico que, tem vezes, supera a minha resistência. mas ando a educar o neurónio a fazer qualquer coisa em caso de perigo. de vez em quando lá aparece uma palavra ou outra perdida na antiga ortografia. apanho-a logo que vejo, é certo, mas ando a propor ao neurónio soltar peidinhos engarrafados de cada vez que deixa passar um ato ou uma perceção. talvez resulte.

domingo, 30 de março de 2014

essa é qu'é essa

causa de espanto não é fazer da abstinência sexual a antítese da tese do excesso de sexo. causa de espanto é fazer da abstinência sexual a tese da antítese do defeito de afecto.

terça-feira, 25 de março de 2014

sexta-feira, 21 de março de 2014

se serenata melhor não há
do que os concertos dos grilos na pele
onde estão as ondas e as mãos
de mel
ária
des
com
pa
ssada?
tiroliro

quinta-feira, 20 de março de 2014

em terra de voz ou

Em Terra Sonâmbula,

 Mia Couto vai alternando duas narrativas, e é por isso que todos o capítulos têm duas partes: na primeira ouvimos contar de Tuahir e Muidinga; e na segunda ouvimos em alta voz um dos cadernos de Kindzu. Há, portanto, neste romance, um texto com outro texto por dentro. Há uma espécie de magia explorada entre as narrativas, palavra e terra ou terra e palavra como se lavrar e tratar da terra para produzir fosse, e é, escrever. Maravilhoso Mia Couto.

Construção do Romance

Mia Couto vai, palavra a palavra, ideia a ideia, em metalinguística, construindo o seu - o nosso - romance, em intertexto de oralidade, o autor serve-se, e tão bem, de tradições orais africanas mas também daquilo que é narrar por cima da guerra. Há quem diga que Mia Couto não escreveu um romance - mas antes uma sucessão de contos e provérbios tendo como pano de fundo o horror da guerra.

O que importa?

Não importa a forma, as origens, as inspirações - tampouco as dores dos observados e a do observador. Importa, isso sim, na narrativa cheia de narrativas de Em Terra Sonâmbula, a emoção das palavras e das imagens que Mia Couto faz o favor de nos ofertar. São imagens com cheiro e palavras que, cheirando, forçam-nos a serem cheiradas. A atribuição de poderes à palavra pode bem ser entendida, como referem Ana Mafalda Leite e Gilberto Matusse, como a encenação das dimensões e das funções práticas características da palavra nas tradições orais africanas.

Passagem por Rousseau

Rousseau defende a tese de que as línguas não têm como causa a necessidade, mas as paixões. A primeira língua seria, sugere o filósofo, figurada, onomatopaica, vocal, em nada diferente do canto. A evolução das línguas, que as reduz à submissão da necessidade, faz com que se tornem monótonas e cheias de consoantes. A escrita alfabética vem coroar este processo de racionalização das línguas. Neste raciocínio, a escrita coroa e reforça o processo de afastamento das línguas da sua fonte original, o coração. Logo, a escrita e suas instituições afectam, portanto, negativamente as línguas. De um lado, definindo a civilização, temos a academia, as línguas escritas, a razão; de outro lado, configurando o estado natural, temos liberdade, canto, coração. Opõe-se racionalidade a irracionalidade, atribuindo-se artificialidade àquela e autenticidade a esta. 

Oralidade, pois


Não estará, então, explicada a preciosa oralidade que Mia Couto usa e abusa para narrar a tradição africana? E o canto? Não será a música a mais limpa forma de oralidade e de comunicação selvagem? A voz liga-se, portanto, à fruição, enquanto que a escrita estará relacionada com a racionalização. O texto escrito aparece como inevitavelmente destituído da capacidade de abordar a "complexidade das forças do desejo", sendo a enunciação oral "quase perfeita", pois culmina no canto.

quarta-feira, 19 de março de 2014

ah!

lavar a língua, literalmente, esfregar a língua mostra porquê que as pessoas não o fazem também metaforicamente a pontos de se libertarem das bactérias e germes: provoca o vómito.

terça-feira, 18 de março de 2014

as esperas, que parecem intermináveis, nas salas de instituições de saúde, resultam em reflexões longas mas abreviadas por gosto:  quem é que quer ser amado como se já estivesse morto? E quem é que que quer amar como se fosse um morto? não são perguntas - são afirmações redondamente fechadas. mortas.

domingo, 16 de março de 2014

a tripa

a minha curiosidade natural, quero com isto dizer que não foi intencional, fez-me ver a pila do meu pai durante a consulta. gargalhei e eles não gostaram: esgar reprovador do meu pai e outro demolidor da médica. segurei o riso, claro, sem poder explicar de onde vinha. e vinha de a pila ser tal e qual uma tripa de porco enfarinhada. depois disso mudei de ideias, só os burros é que não mudam, e fui comprar um kispo para a minha princesa peluda. para quê apanhar chuva se depois tenho de estar a limpá-la e fica sempre com frio? elegantíssimo, creme a contrastar com a negrura dos cabelos, tem flores bordadas a linha prateada. por dentro é cardado e tem um pêlo maravilhoso no capuz. parece mesmo uma princesinha - tanto que me mandou logo ao reininho.

mas hoje não sei como segurar o riso, concluindo, vou fazer rojões para o almoço. rojões com a tripa enfarinhada.

quinta-feira, 13 de março de 2014

idiotário

tem vezes que o dicionário só serve mesmo para meter no cu de pedófilos e violadores: as palavras aparecem com o significado de sinónimos sem, no entanto, aparecer a definição do sinónimo. é o caso de tildar e tilar. fiquei a saber o mesmo. porca miséria.

tenho a certeza

absoluta: os homens que só se envolvem com mulheres para putarias têm carácter de chulos invertidos: alimentam-se da pureza, desprezando-a, roçando-se na imundice.

quarta-feira, 12 de março de 2014

uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa

fiquei quilhada para sempre com ele, bem sei que para sempre é muito tempo mas o que não me é para sempre passa-me minutos ou, quando muito, dias depois - e não passa porque abomino hipocrisia. mas esta miniatura  pornograficamente amorosa roubou-me risota. é isso: sou da pornografia amorosa.

sábado, 8 de março de 2014

mixórdia

acho uma certa piada aos que só funcionam através de implicitismos, nem sei se esta palavra existe, de atitudes caracterizadas por não atitudes - as mesmas que exigem dos outros para, com eles, se relacionarem - como se o processo de auto-aceitação deles próprios passasse pela rejeição dos outros. bem visto, tudo não passa de um exercício de rejeição própria frustrada. e faço-lhes distinção: de um lado meto os que o fazem por natureza, sei bem ver quem são mesmo sem ver, e, no outro, os que se convencem que assim é que é ser diferente tomando esta diferença como a grande virtude da sua vida. E se os primeiros merecem o meu respeito e admiração exuberante, os segundos fazem-me rir de tão ridículos: é que sabem tão bem quanto eu que são uma farsa.
*
quando inventarem o dia internacional do peido - a maior prova gasosa e viva do sucesso e dos fracassos das relações - estarei, prontamente e com alegria, em todos os traços da celebração. até lá!
*
quando houver uma manifestação de azeitolas machos e fêmeas, é informar - para eu indicar alguns nomes para os cartazes.
*
há pouca coisa que tenha o sabor da memória como a regueifa.
*
o ballet é a mais bela de todas as danças - talvez por não ser apenas uma dança de pontas.

quinta-feira, 6 de março de 2014

boa!

estes vasos etruscos poemados! quero mais, Pidarra.

(um dia vou escrever uma coisa do género, a quem eu cá sei, quando o teu tronco se deixar querer as minhas raízes podemos florir ao som das seivas que se vão, tão cremosas, engolindo e espalhando. não, cremosas não: cremosa - porque a minha é mais água de mar temperada que te vai sempre matar a sede. )

domingo, 2 de março de 2014

sábado, 1 de março de 2014

Pidarra,

não arranjes desculpas para justificar o quanto amar dá trabalho e que, por isso, mais vale ser apenas amado. 

isto faz pensar no progresso - quero dizer na falta de progresso essencial do Homem.

(5ª linha, o por os afectos. será este singular, talvez, um acto falhado) :-)

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

a contemporaneidade tem,

final, coisas irresistíveis.  não é que o google, por estes dias, foi o primeiríssimo a dar-me os parabéns? disse, em bolos e velas como cenário, assim: Parabéns, Olinda! adorei, o google é sexy.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

por entre tempestades
e manhãs claras
só as árvores resistem
não são elas
o oposto
compreensão
força incansável
beleza em arrepio
que crescem de cima para baixo?

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

civismo não há

Ontem chorei

Civismo não há. Ontem chorei muito e não dormi a noite toda. Ela também não. Depois de jantar fomos dar o passeio, a volta do costume. mas ontem não foi uma noite normal. Os dois cães enormes soltaram-se e vieram em direcção a nós. As duas, parecidas em tanta coisa mas imensamente no que se refere ao acolhimento, sorrimos - eu em um olá prolongado e ela abanando o rabo de pêlo farto e solto. Veio o primeiro e abocanhou-a; veio o segundo abocanhar também. Estávamos as duas sozinhas na solidão do medo e do desespero.

Onde está o civismo?

Porque faz parte do civismo a entreajuda, aquela coisa que supostamente é inerente à condição de ser humano, estávamos e ali ficámos sozinhas por dentro do medo partilhado. Os carros que passavam foram parando com os meus gritos - mas ninguém saiu para me ajudar; havia transeuntes na rua, era cedo, mas ninguém se aproximou; havia apenas o céu imenso que me acolheu na sua escuridão e o eco da nossa aflição que parecia, e foi, mudo para o mundo.

O zelo pelo progresso da pátria também passa pela entreajuda

Ajudar - tão simples e tão miseravelmente omisso na Cidade. Perante uma chacina prestes a acontecer, dela e minha, descobri o flagelo da falta de civismo. A covardia das pessoas assusta - assusta quase tanto quanto os dentes afiados de dois cães gigantes a abocanhar uma cadela peluda e doce; a falta de civismo morde e rasga quase tanto como dois cães raivosos com o mundo.

Serão os cães raivosos o reflexo da falta de civismo?

A aproximação da raiva perante duas inocentes é em tudo semelhante ao afastamento das pessoas perante uma chacina em potência: liga-as o desprezo pela vida; liga-as a miséria do não se ser; liga-as a omissão perante a dor e o desespero; liga-as a irresponsabilidade fanática da inconsciência; liga-as o nojo atroz pela solidariedade e entreajuda.

Ela-eu, tu: afinal não somos iguais

Amanheceu e há susto. Amanheceu e há medo. Amanheceu e há tristeza. Amanheceu e há a certeza de que o civismo anda moribundo. Amanheceu e a certeza continua de que aquelas pessoas tiveram um sono tranquilo, uma noite descansada. Amanheceu e até a manhã gelada acredita no gelo delas, na indignidade que é o mau carácter de não se dar a mão nem a palavra a alguém. Amanheceu e o país está cada vez mais pobre: são cada vez menos os que zelam, valentia e coragem, pelo progresso da pátria. Amanheceu e eu continuo a chorar pelo que escasseia, pelo que não há. Amanheceu e ela está enroscada na sua vergonha de ter sido abocanhada por dois cães raivosos. Amanheceu e a tristeza, é a tristeza e a vergonha, cobre-se de civismo - do civismo que os que se têm como gente não têm.
Definitivamente: miseráveis covardes.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

alfabeto de kama

sutra! qu' aqui não há discriminação sexual de género.

pode ser fácil o difícil de entender


crescemos todos a ver, na televisão ou jornais e revistas, mulheres despidas a patrocinarem marcas. a mulher é um bicho belo que serve para ser apreciado - tal e qual como se passa no zoo. mais: a mulher é um bicho belo que ganha dinheiro ao ser apreciada. por que razão haveria de se importar com isso? a instrumentalização do corpo, feminino em particular, deve dar em estudos psicológicos - mas também sociológicos - interessantes e o impacto da ridicularização aquando da inversão da tal instrumentalização é grande: dá vontade de gritar não faças isso!, sai daí!, e mais do que riso provoca alguma pena. parece humilhação. e é: uma pronografia mascarada, sexução em vez de sedução. porque a sedução, ao contrário do que diz o dicionário, os dicionários também se deixam corromper pelos linguistas, os linguistas também podem sofrer de desvios no seu imaginário individual, existirá desvio na imaginação? se a considerarmos um paralelo real da realidade?, no dicionário fala em corromper e também em fascinar, haverá fascínio por e aos pedaços? não creio - e por isso creio tratar-se antes de sexução. mas adiante. este tipo de publicidade acentua fortemente uma espécie de atraso mental no público masculino, falo obviamente na que instrumentaliza corpos femininos, já que pressupõe que , por exemplo, uma gaja nua com cabeça de ferrari estimulará a compra do ferrari pelas curvas da mesma. isto no meu campo de hipóteses, já que a estar comprovado que sim, serei obrigada a concluir que os homens terão mesmo um atraso mental. ou então que o estímulo à dominação e subserviência tem um impacto positivo, de tão negativo, na violência doméstica ou nas violações. não acredito nisso a não ser, claro, partindo de um outro pressuposto: há mais homens bem do que mal formados. estou enganada? talvez, estarei a raciocinar a uma escala muito ampla que é o mundo - o que me faz acreditar na grandeza. e aquele miúdo de treze anos que violou a irmã por querer imitar a pornografia de um jogo? pois. um adolescente não é um homem (e não leste o Gonzalez quando diz que os homens são bebés?) e um homem que quer comprar um ferrari por causa de um corpo de vagina nu não é inteligente. vá, são excepções e a publicidade quer excepções - até porque só as excepções compram ferraris. OK? não precisas de gritar só porque teimo em generalizar. ficamos assim. ficamos a entender que serão mal entendidos os que trabalham para entender as massas e os que não entendem por serem diminuídos.

interessante

cores com formas ou cores e formas ou percepção das cores através de tecnologia. aqui.

e a banda sonora que escolho é...


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

urgência

serei sortuda, talvez, por nunca ter lidado com esta miséria. mas ingénua sou certamente por nem sequer ter imaginado o quanto o mundo é miserável, entre todos, com alguns. e é por isso que ler e reler aquele texto faz chorar. mas também sorrir - por nunca ser demais entender. obrigada, Isabel.

a beleza por detrás da ausência de ovários e de testículos

por tudo ficar por viver. aqui.

escultura com modelo vivo

há um par de anos tirei um curso, visual merchandising, com este artista e recomendo vivamente qualquer arte com ele na galeria, que é também a sua casa, dele. agora chegou a vez da escultura com modelo vivo.

estás à espera do quê para ires espreitar o site?

juanar

podia bem ser o olhar rasgado. ou o corpo definido. ou o improviso nos passos. ou o sorriso brilhante. ou o jeito delicadamente grosso. ou a pronúncia bagaceira. podia bem ser isso tudo que faz com que o Juan seja o melhor professor de Zumba do mundo - mas não é. o Juan cativa com a alegria que é dar alegria; com a atenção que dedica a cada aluna; com o bom humor que transpira e também pela sensualidade que desperta. por isto tudo e muito mais, já merece abrir um espaço só dele. e se não merecesse aconteceria na mesma: ele disse-me. fiquem a aguardar que logo, logo, vão saber onde fica. agucem esses sentidos que o Juanito vai aumentar.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

popar


um coiso que fecunda sem ter sido fecundado

mata-me ou ama-me sempre é sempre a outra voz. há quem tenha duas ou três, outros sete ou oito - nove ou dez. há quem tenha vozes, transpira mais, espalhadas pelos poros. (deve ser por isso, aliás, que correr ou dançar ou saltar estimula tanto a criatividade: mal se deita o descanso levanta-se o coiso criativo. o coiso, sim, aquilo que fecunda sem ter sido fecundado.) talvez a criatividade se esconda nos sovacos, em alguns casos, ou nos pêlos encravados dos rapados - é aqui, precisamente aqui, que mata-me ou ama-me poderá ser uma voz criativa porque de outra forma, sim, de outra forma, não pode haver o ou: matar por amor não é matar o amor, é matar o amado. e amar o morto não é amar o amado mas o amor. estarei perdida? não: o amor é energia vital e, por isso, criatividade (é por isso que o amor só se vê quando se deita o sexo a descansar). quando se pensa muito em morrer, ou matar, é porque já se está morto. o ressuscitar sim, já mete coiso criativo - o ressuscitar não é recuperar a vida depois de se morrer mas evitar aquele segundo, mais segundo do que minuto, derradeiro para a morte. é como quando as mulheres têm de virar à direita mas dão o pisca para a esquerda e já em cima do entroncamento conseguem a direita pretendida. isto é ressuscitar, o tal coiso que fecundou sem ter sido fecundado. é que depois de ter conseguido esta vitória, energia vital completamente potenciada, a mulher sente-se capaz de dar dez voltas a uma rotunda. o que tem isto de criativo? muito: durante essas dez voltas, há uma impressora mental que funciona e podem estar certos: quando uma mulher, uma mulher a sério, imprime coisas - o passo seguinte é arregaçar as mangas e fazê-las. ou pelo menos tentar até ao próximo segundo, mais segundo do que minuto, derradeiro para a morte. olha como tentar é criativo. olha o paradoxo: tentativa falhada é criatividade consumada.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

agora é que tenho a certeza

:afinal sou uma santa.

muscular o cérebro ou vai-te foder nelinha



parece estar regulamentado nas cabeças. nunca percebi, não percebo nem hei-de alguma vez perceber, a coisa de os corpos gordos ou alegadamente feios inibirem de alguma forma as capacidades, os talentos, os sucessos ou os fracassos. vem isto a propósito da morte daquele actor maravilhoso que, dizem, apesar de gordo, vingava na grande tela. em uma sociedade cada vez mais industrializada ao nível mental, ideias em série de metodologia standardizada barbie-ken, perfeição plástica e  sempre em vias de polimerização, urge mesmo estourar com o preconceito de que a beleza é um conceito objectivo e universal, isto por um lado, e de que esse conceito objectivo condiciona as experiências pessoais e profissionais por outro. bem visto, tratar-se-á de muscular o cérebro e, exercícios permanentes aeróbicos, de oxigenar os pensamentos que se reflectem em palavras, atitudes ou omissões. este é um dos grandes desafios dos séculos vinte e vinte e um.

porque as pessoas são inteiras e a carne, que é a parte visível da alma, faz parte do todo. enquanto as pessoas que se dizem pessoas não entenderem isto, não entendem nada e serão sempre anorécticas de espírito. tenho dito. há quem diga de outra forma, mais obesa, aos tristes, do género: vai-te foder, nelinha.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

empapado e enrojoado, aleluia!

decidiram entronizar um padre confrade de honra por ter contribuído durante quarenta anos para a divulgação das papas de sarrabulho e dos rojões de uma freguesia, a par dos trabalhos na paróquia. há mais de trinta anos, este mesmo padre, recusou-se a fazer o funeral de uma mulher e mãe de quatro filhos apenas porque ela não teria colocado os filhos na catequese para fazerem a comunhão com as lengalengas da igreja católica - não teve, portanto, papas na língua e manteve o rojão, o dele, bem sectário e desumano. a história, com um jeitinho, vai acabar assim: o padre, agora ainda mais podre das ideias por conta de a podridão do corpo ser bem solidária, ao ser aclamado confrade vai comer uma tigela de papas e arrotar de satisfação azeda. após um quarto de hora, sensação de vazio no estomago, sangue do porco a obstruir-lhe a vida, mete um rojãozinho na boca de lavagem e a justiça divina acontece: nem para dentro nem para fora, olhos arregalados de pânico, no meio da festa quando estão todos a olhar para o prato, esgar de aflito, nem sequer consegue bramir e só dão conta dele quando os resquícios finos da flatulência instalada, janelas que se fecham pela chuva grossa, dobrarem o ar. se houver justiça divina é isso que vai acontecer: padre confrade de honra bate a caçoleta empapado e enrojoado da goela até ao fundo. no fundo, aleluia!, foi uma morte cheia de abundância - dirão -, uma honra.