domingo, 16 de novembro de 2014

jantar com um casal de amigos pode ser o mesmo que jantar com um par de sósias. reparar que fazem as mesmas actividades, gostam das mesmas coisas, usam as mesmas expressões, ouvem a mesma música e até se riem das mesmas coisas. sempre em conversa a quatro - com ele, com ela, com ambos e principalmente comigo mesma -, apercebo-me nitidamente que só um deles está apaixonado pelo outro já que um deles está apenas apaixonado por si e pela ideia de ter o outro apaixonado por si - e daí aquela relação ridícula que mais parece um espelho. Ao mesmo tempo ela é a mamã e ele o bebé com o paradoxo de ser o bebé o imitável. e depois, como pode ela querer ficar a ser uma mamã apaixonada por um bebé que sente que não é apaixonado por si? sim, porque na conjugalidade tem de haver amor com paixão ou mais vale a orfandade, já que o amor e a paixão não são de aviário. e isso sente-se, não há hipótese alguma de ela não o sentir por mais até que ele finja.

vim para casa a pensar para que raios querem as pessoas relações conjugais assim; em que ponto, ao não existir individualidade, se convencem que se sentem felizes e até que ponto consideram que o amor e o prazer se fazem de imitações e de subserviências e de enganos e de mentiras. conclusão: quanto mais relações conheço mais concluo que o motivo por que as pessoas se juntam é tão simples como o dos intestinos que está para a sanita.

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