terça-feira, 26 de agosto de 2014

passeio com ela na rua e observo. abriram em simultâneo as portas: a menina a porta de casa da avó e os pais, do lado de fora, do carro. notei claramente, pelo volume e pelo tamanho da mala, que teriam estado fora apenas por uns dias. mas o que deu mesmo para perceber foi o desenho dos afectos. a menina correu para abraçar o pai, um abraço que durou um bom meio minuto - estava rubra e sussurrou saudades; o pai recebeu, com rigidez, o abraço sem abraçar com os braços - que permaneceram imóveis - e sem os olhos voltados contra o abraço da menina; a mãe, sem qualquer sorriso e talvez com inveja da prioridade, desandou. terminado o abraço ao pai a menina tocou o ombro da mãe - um toque que pedia também um abraço.

há pessoas que simplesmente não demonstram afectos. há pessoas que adoptam a rigidez e o virar de costas perante os afectos. há pessoas que, talvez afectadas ou não, como vamos saber, não afectam. e tudo se resume a um momento que passa: porque são os afectos que, não deixando passar, marcam.


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