quinta-feira, 22 de agosto de 2013

nascia a ideia da Europa no século dezanove. valeu a pena?

estamos agora no século dezanove, façamos uma breve viagem, e bismark, o homem alemão da política pela força, falava em “falar europa”, prelúdio do discurso de renouvin – decano das relações internacionais de solidariedade entre povos -, que apresentava ao mundo o problema da criação europeia como federação ou comunidade. e dizia problema pela sábia visão da diferença daquilo que era, e continua a ser, o discurso (com tudo o que os vocábulos comportam em termos míticos, linguísticos, estéticos) e a acção que implica sacrifícios, opções, integração no real organizado e dependente das circunstâncias.

sem querer esquecer qualquer outro contributo importante no percurso da ideia da europa é impossível não referir emeria curcé que publicou, em 1633, o livro "nouveau cyrée", em que defendia a criação de uma assembleia permanente de arbitragem, que ao mesmo tempo garantiria a paz e favoreceria o desenvolvimento das trocas internacionais; e depois o “grande desígnio” que sully, seu conselheiro, atribuiu a henrique iv defendendo a europa em quinze estados e um conselho comum; e william penn quando publicou, em 1693, o "ensaio pela paz presente e futura da europa", no qual considerava que deveria ser constituída uma assembleia de  representantes dos estados europeus que tomariam decisões por maioria de 3/4 dos estados - as decisões tomadas poderiam ser impostas coercitivamente por uma  força armada a formar; do abade de saint-pierre, 1712, em "projecto de paz perpétua", defende a criação de um parlamento europeu que teria competências legislativas e judiciais; ou de kant, espírito liberal individualista, onde os colectivos identitários que denominamos de nações deviam ser diluídos em troca de uma “pacífica” colecção de indivíduos sob o mesmo estado federal; ou quando, em 1849, victor hugo lança um apelo a favor da criação dos estados unidos da europa.

poder. generosidade. solidariedade. coerência. todos estes homens, estadistas ou pensadores, que importa?, projectaram – muito mais do que um continente de força – valores. curiosa e lamentavelmente assistimos, mais de cem anos depois, a um problema – ao mesmo problema que renouvin, o decano lá de cima, explanou: a união do discurso não acompanhou a acção: ficaram, têm ficado, de lado os valores – vence o poder. os sacrifícios de uns são a glória de outros; as opções de alguns são ganância e de outros circunstância.
existe comunitarização de todas as matérias?
as decisões em domínios cruciais são adoptadas por maioria?
a comissão tem um grande poder de iniciativa?
o parlamento europeu tem um enorme poder no processo legislativo e exerce um efectivo controlo político?
o tribunal de justiça tem real competência perante todas as matérias?

valeu a pena?

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