sexta-feira, 31 de maio de 2013

estrabismo

e agora diz lá: qual é a parte do mundo de que gostas mais?
os olhos.
estava à espera que me referisses uma região, um país... mas então diz-me como são os olhos do mundo.
são estrábicos - ou nunca te sentiste a cair?

quarta-feira, 29 de maio de 2013

cogus box

oito e pico ou talvez nove e tal, análise da árvore de decisões e procura de pontos críticos de controlo e a desconcentração paralela, pertinentíssima e saudável, riso e palhaçada, que mete cogus box e descortina. fala-me do quanto é intransigente em casa e da forma austera com que lida com a família para conseguir tudo o que quer - resulta, diz ela. e pergunto-lhe de seguida se não sente uma enorme frustração por não ser respeitada mas antes vencedora, falsa vencedora, pelo medo que obriga os outros a sentirem só para não terem de a ter, perda falsificada, emburrada e muda. fica desconcertada talvez por ser psicóloga de formação e agora a noção de cabra no viver. descubro-lhe o perfil fraudulento ao mesmo tempo que a vejo alinhar na desconcentração e no riso quando a prioridade é o exercício. nada acontece a não ser aquela picadela que sentimos quando alguém nos toca naquele exacto ponto que vendemos como o mais forte: o ponto fraco. e ela ontem foi para casa diferente. e eu vim mais feliz porque o mundo existe para nos abraçar e permitir o embalamento do que é fazer a diferença.

terça-feira, 28 de maio de 2013

sabes o que é filha da putice? é isto.

só tenho vontade de dizer que este desgoverno me obrigou a recuar mais de quinze anos na minha vida profissional e a começar , não do zero, do menos um. e que está a obrigar-me a aceitar, finalmente, a aceitar por ser a única oportunidade em mais de um ano, um salário miserável em uma função quase indiferenciada. e que me obriga a transformar a raiva em tolerância e sensatez por sentir que trinta e três anos a estudar e a investir em conhecimento têm de ser colocados em segundo plano das minhas prioridades básicas que satisfazem a minha carência intelectual. e que a minha única linha de percurso neste momento passa por ignorar que perdi a minha casa e a minha vida e a minha liberdade - é um mero exercício de programação neurolinguística: colocar em ênfase o pouco como se muito fosse comparativamente ao nada. e eu chamo a isto, a este exercício que estão a obrigar-me a fazer, a esta exploração, a esta escravidão social, a maior filha da putice de que tenho memória. 

e o sangue das lágrimas é transformado em sumo doce - só para afastar a morte e conviver com a vida.


domingo, 26 de maio de 2013

ouvirilampo


o Aníbal, é um camelo

a propósito da palhaçada custa-me perceber a gravidade da coisa. mesmo. principalmente pelos argumentos. “Se a injúria ou a difamação forem feitas por meio de palavras proferidas publicamente, de publicação de escrito ou de desenho, ou por qualquer meio técnico de comunicação com o público, o agente é punido com pena de prisão de seis meses a três anos ou com pena de multa não inferior a 60 dias.” ora estaria presa grande parte da blogosfera portuguesa. mais: quase a totalidade dos portugueses estariam, ora desempregados ora falidos, atrás das grades por expressarem precisamente a imagem que vêem quando ouvem o Presidente da República proferir, mais do que piadolas, silêncio. pelo respeito aos animais de quatro patas o Aníbal merecia que o MST lhe tivesse chamado camelo e aí, sim, estaria tudo tranquilinho. (cantemos, então, para espantarmos o mal do chilindró)

o Aníbal é um camelo
tem duas mossas e muito pêlo
tem uma lata do caraças
para brindar no governar
mas é assim quem gosta
 de no deserto desertar
e lança logo um grunhido
aquando ventos de vencido
é um camelo popular
é engraçado e espertalhão
só não gosta que lhe chamem palhaço
prefere qu'os portugueses andem a ser roubados
pelo governo d' esticão

reflexão ao sol

há muito material para ler sobre o que disse e pensar acerca de. e no entanto uma certeza: as pessoas só fantasiam acerca do que não podem ter na realidade. e é por isso que fantasiar, a criatividade é outra coisa, em consciência de que não nos atrevemos a ter é por si mesmo uma fantasia do caralho - porque tudo o que queremos no que concerne à natureza humana é possível em um tempo ou lugar ainda misterioso, frequência de futuro desconhecida mas não, por isso, impossível. e o mais importante é mantermos a capacidade de acreditarmos que não somos errados naquilo que queremos e sentimos simplesmente porque o sentir não é da nossa responsabilidade e não pode ser forjado. e quem se refugia em superficialidades, economia de prazeres rápidos, até o prazer se quer livre, apenas para não chegar ao fundo foge - mais do que de outros, de si mesmo.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

uma fé estranha

vontade desenfreada de escrever - daquela vontade que pica e faz cócegas intermitentes. 
há pessoas que aparecem nas nossas vidas e chamamos-lhes acasos. chamamos-lhes sem chamar, pensamos apenas. e depois fazemos birras e insistimos e chateamos e fazemos uma matriz do grau de possibilidade e de severidade - isto para apurarmos a tolerância e a paciência em termos de significância. parecem sacos rotos de boa vontade e de simpatia e de bom humor. estragam-nos o plano mais ou menos intuitivo de sabotarmos a coerência pela incoerente demonstração de sensatez que nos demonstram. e inchamos de alegria, escondendo-a, para a deixarmos respirar. fazemo-lo por acreditarmos que são pérolas e sabermos que as pérolas são raras e, por isso, são precisas validar. trocamos tudo, confundimos conceitos, apresentamos propostas e tudo bate tão certo como se fossem, e são, caminhantes que nos mostram que a serenidade existe. e depois concluímos que ainda que tudo não passe de um bem-entendido mal amanhado é bom. e é bom acreditar no que não se vê quando tudo o que não se vê nem sequer nos dá motivos para acreditar. uma fé estranha no meio de tanta estranheza.

este talento precisa de ser partilhado, caramba!

http://youtu.be/57V4ymDKAh0

bora lá desencadear a pulsão sexual

assim como o melhor do pensar é o escrever na folha em branco também o melhor do sentir é o sexo na matéria, na carne. o sexo oferece-nos aquela dimensão de sermos homens e mulheres como se a pulsão sexual fosse, e é, um indicador de vida, uma composição do sentir.



quarta-feira, 22 de maio de 2013

melhor do melhor

havia de ser sempre assim: a natureza e o Homem - o Homem a aproveitar-se dos excedentes da natureza - em parceria justa. ela, em harmonia perfeita a fazer para si e também para nós. e nós a não tocarmos no que  é seu e a aceitarmos explorar o que de bom grado ela faz, e dá, para nós. olha o mel que as abelhas produzem em uma organização e método infalíveis sem absoluto controlo de qualidade e em perfeita melhoria contínua inerente constante. é fascinante, estonteante, fantástico este detalhe da natureza. lá está, depois o Homem organiza-se com elas e consegue uma produção primária de ganho-ganho que nem sequer precisa de controlo institucional, apenas um código de boas práticas que as salvaguarda um pouco da ambição desmedida e também nos salvaguarda em bem estar. outra vez ganho-ganho. e depois o excedente, aquele que queremos explorar, aquele que com tanta generosidade ela faz por sobrar, adaptamo-lo à nossa capacidade de invenção e criatividade: destampamos os favos e raspamos para extrairmos o mel e filtramos para depurar os vestígios da cera que vão em açúcar ser cristalizados e reaproveitados. e criamos frascos onde depois de limpos a vácuo embalamos a preciosidade. simples. a felicidade é simples: no melhor de cada um juntamos tudo e depuramos o melhor dos dois. e depois, no pior, com o excedente do melhor, fazemos melhor.

terça-feira, 21 de maio de 2013

à palavra e à semente


a imagem de cada semente cada palavra é riquíssima - isto para reforçar a ideia de que, cada vez mais, os ventos que antes arrastavam as sementes são agora manipulados por forças externas. estará em causa uma crise de identidade da nação? sim, pode ser, mas não nos revoltemos. comecemos por cuidar da crise pessoal, cada um por si, antes de querermos abraçar a crise da nação. não vamos a andar a semear sementes de revolta, MEC, porque isso sim é perder completamente o acesso à palavra. e à semente.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Púbisgal


reparar bem que o sítio, com referência a ser mal frequentado, situa-se exactamente na zona da púbis. ora nada é por acaso e acabei de chegar à conclusão de que Portugal é um site da púbis governado por chatos.

graças a Prometheus

Inner Silence

prometeu, Prometeu, o fogo
faúlas d'homem e de mulher
a arder
a Zeus roubou o reino
(assim ele o entendeu)
quando criar foi o que fez Prometeu
ilimitado não és - vociferaram os deuses
limitado sou, cantarolou Prometeu
mas trago o limite, o único, que não cabe em vosso papo de Deus
o daquela que começa e acaba nos céus
a criatividade, valha-nos Prometheus!


quarta-feira, 15 de maio de 2013

(azar)

truz,truz,truz - antes fosse assim o azar a bater-nos à porta. mas o cabrão, não. o cabrão entra de soslaio pela janela sem deixar o mínimo resquício de barulho ou intenção. e ainda deixa as cortinas ao vento, indiscretas, só para se regozijar da safadeza e se esfregar todo nos danos que provoca. é isso: o azar chafurda na angústia e no desespero dos outros como os cães estão para a relva fresca em dias de calor desinibidos de barrigas felizes no ar e pernas inquietas. e que esgar matreiro tem o estupor quando ouve dizer que foi azar, ah!, com que consolo enche a pança e a esperança de que mais dias dele virão. 

terça-feira, 14 de maio de 2013

breve explicação bonita e com dedo em riste

o PIB cresce quando o Porto é campeão simplesmente porque o azul é cor de céu e o céu, já se sabe, é o limite.

o amor é a essência de tudo



raramente dou importância à crítica, sou como o S. Tomé - ninguém me mata a fé ou, como costumam dizer, tenho de ver para crer - e tenho, sim, muita curiosidade em ver, lá terei de esperar por agosto, a essência do amor. não dá para confiar no instinto prático e boçal da maioria das pessoas nem no alarvismo desfundamentado com que falam, e antes pensam, do amor. mais: as pessoas sequer consideram o amor um assunto com interesse para ser explorado e serão, por isso, condicionadas por esta pré-indisposição. talvez a crítica, esta crítica, até faça sentido. talvez. mas mais sentido faz esperar para ver - tenho a certeza de que vou descobrir coisas imperceptíveis aos olhos do Luís e do Miguel e do Oliveira. e serão olhos mais comuns os que se focam na linearidade do prazer take away, sim, porque o amor também é puro prazer, mas em camadas e em lentidão do banho-maria que se quer absolutamente gostoso e pesado e leve e quente e fresco e doce e salgado e seco e molhado, a única foda em que vale a pena ganhar tempo. 

domingo, 12 de maio de 2013

incompatíveis e não só

havia dois homens - um de aparência cuidada que falava ao telefone durante uma relação sexual (o que é uma relação sexual? se uma relação é uma ligação então neste caso não havia visto que a mulher desandou o traseiro da cama e, ao telefone, o tal homem continuou mecanicamente os movimentos de vai e vem) queca e para ascender profissionalmente desconhecia, por não necessidade, quais eram afinal os seus valores e um outro, espontâneo e lutador e também pai, cuja roupagem fazia crer tratar-se de um homem absolutamente baldas. e a fraca trama desenrola-se em ambiente de crime misturado com riso - uma espécie de bolo de pacote francês com cobertura de chocolate light. foi escolhido, cinco minutos antes de começar, pelo título, ai como os títulos enganam!, e precisamente por começar dali a cinco minutos. não, isso não tem nada de estranho - é a vida. e depois não é qualquer uma que paga seis euros e quarenta para ter uma sala de cinema só para si, sem cheiro de gente a tresandar a desodorizante axe nem de pipocas a roçar a semelhança ao chulé. é interessante a perspectiva de fazer rodar um filme durante duas horas para uma só pessoa. apeteceu-me fumar lá dentro, confesso. mas só me descalcei e estiquei. ah. e também dei um peido calçado, não de pantufas, de socas.

a parte melhor  foi quando cheguei ao carro e, em espera, ouvi esta música.




sexta-feira, 10 de maio de 2013

código de barras com letras dos desempregados portugueses

o código de barras, ou EAN, aplica-se em embalagens primárias (EAN 13, com 13 dígitos) - que envolvem directamente o produto -  e em embalagens secundárias (IFT 14, com 14 dígitos) que serão o embalamento da embalagem. uma boa imagem a servir de exemplo será imaginarmos uma caixa com várias embalagens dentro. ora os desempregados, se considerados IFT 14, isto porque a embalagem primária nas pessoas se quer intocável, apresentam-se assim, seriados em números, em Portugal:

o primeiro número é criado internamente pela empresa e designa quase sempre a quantidade do tipo - será o centro de (des)emprego;
os três seguintes números são sempre iguais e correspondem como que ao indicativo do país (560);
os quatro números seguintes são respeitantes à empresa - serão zeros;
os cinco seguintes pertencem ao código do produto - será a combinação de zeros resultante da (a)política do governo;
o último número é calculado automaticamente após a atribuição do primeiro.

neste momento, e levando em consideração de que as pessoas são tratadas como números, o código de barras dos desempregados portugueses afiguram-se assim:

1 560 0000 00000 1

em letras, que é mais digno, e a toque de desespero, o único código de gente que a gente quer:

Maria Feduncio, Portuguesa, sem emprego, nova para a reforma e velha para trabalhar, existe.


quinta-feira, 9 de maio de 2013

palavras em festa

lindo de se ver: espalhados aleatoriamente pelos muros e de cornos, não ao sol como na cantiga que crescemos a ouvir, à chuva. são os caracóis ranhosos. e nunca, o ranho e os ranhosos, as palavras viscosas gostaram tanto de serem celebradas porque é assim mesmo - a utilização é a festa das palavras.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

elevador para o céu e terraço nas estrelas

quando casou recebeu, como uma das prendas, um monte. casou há três anos e ainda nem sequer foi vê-lo. fala dele como se de um conjunto de tachos se tratasse com a utilidade de fazer crescer muitas árvores para abater na reforma - quando chegar esse tempo hão-de vender a madeira e viver também disso, diz. quase que a convenci a levar-me ao monte, curiosidade em comichão, queria vê-lo e apalpar-lhe a terra e cheirar-lhe as axilas daninhas. sei lá, parece-me bem, parece-me sexy, parece-me seguro alguém ter um monte só para si - aquele bocado de terra com elevador para o céu e terraço nas estrelas.

terça-feira, 7 de maio de 2013

linha 3

o agudizar do arranque em conformidade com as borbulhas bravas do rosto dela, borbulhas em fase de crescimento e prestes a atingirem uma velocidade incontrolável até ao destino. o destino quer-se, aqui, como paragem como se quer em um comboio. os telemóveis, ai os telemóveis! que funcionam nas mãos das gentes como muletas de pés partidos: sentam-se os corpos e levantam-se os telemóveis como se fossem, e são, o que pedem os olhos - os olhos a pedirem mensagens e jogos e nada. é isso, os olhos pedem nada quando sentados no meio do mar que é a gente, uma triste solidão essa que as impossibilita de se escreverem o que vêem e ouvem, de produzirem crónicas surdas de vida em momentos de morte. porque é morte, sim, precisarem de um telemóvel para afastar leituras e até travessuras do espaço; porque é morte, sim, usarem o telemóvel para verem o tempo, não a ficar como ficam as paisagens que pintamos do lado de dentro do vidro, a passar.

domingo, 5 de maio de 2013

isto parece bordel com lucros deputedo


quando a fantasia não é, de todo, a realidade

é preciso deixarmos que ela, a fantasia, se sinta rainha. e, como meros espectadores, permitimos que se sinta capaz de cobrir a luz da claridade que é a realidade. deixamo-la entrar de fininho e ficamos a apreciar como se instala e como quer convencer-nos de que é real e de que a realidade é, bem visto, uma fantasia do caraças. não o fazemos com maldade, tampouco mentimos nos factos da vida real - simplesmente deixamos que pense que está a abafar-nos nos seus lençóis ávidos de converter-nos naquilo que pretendem. e o que pretendem todos aqueles que querem convencer-nos de que a distância física não existe e que imaginar é viver realmente é isso mesmo: sentirem o poder da imaginação deles na nossa, como se manipular a nossa lhes desse o poder da deles. é, portanto, mentira de que a ideia que fazemos de alguém ou alguma coisa é a realidade e que esta ideia fantástica é real - e essa é que é a verdade. damos a descobrir aos outros o quão poderosos podem ser, escondendo fingimento solidário, para percebermos realmente quem são e o que querem. e o que querem é sempre o mesmo: fazer da imaginação a mais forte arma de arremesso, não a favor como pretendem que seja, contra a realidade. a realidade é sempre maravilhosa se vivida de forma fantástica e em conformidade com o que sentimos ao contrário do que é viver a fantasia realmente. e esta passagem tantas vezes tão ténue em tantas cabeças cheias de ego é quem dita, mais do que quem queremos ser, quem somos. eu proponho um brinde a todos aqueles que, mascarados de fantasia, se propõem a manipular a realidade estando certos de que o conseguem - há espaço para todos. e proponho dois brindes a quem que por algum tempo deixa que pensem que a realidade possa ser inequivocamente manipulada pela fantasia - afinal de contas ajudar os outros a encontrarem o seu caminho será sempre uma prioridade.

sábado, 4 de maio de 2013

Garcês, o feio

há coisas feias. há coisas que espantam. há coisas que ferem. há coisas que nos fazem rir por dentro da imbecilidade que carregam. há coisas impossíveis de passarem ao lado porque se apresentam de frente. há coisas que nos impõem uma prosa chata e desprovida de leveza. há coisas que são como cagadelas de pássaros birrentos que decidem simplesmente fazer desabar as entranhas mesmo por cima da nossa cabeça. é, há coisas assim. e não, não foi nada de grave talvez para quem passa na pressa e no descuido do olhar. mas terá sido gravíssimo para quem ostenta a atenção pelo redor e procura, em cada esgar do movimento e do paranço, significado. há coisas, assim, que me são feias tão feias quase tão feias como um amarelo pálido que nem é pérola nem português. há coisas que, tenho a certeza, não foi o universo que fez mas antes um taxista manhoso, com ares de farinha em frequência acumulada nas unhas, a quem se pode chamar Garcês.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

ilustração da maravilha de engano

consegui, entretanto, arranjar uma figura que ilustre o romantismo no superlativo absoluto da tal mensagem que inventei e que contempla as duas versões:





maravilha de engano ou as pazes insólitas

o meu pai e a namorada zangaram-se e lá me calhou a mim, a pedido dele, enviar-lhe uma mensagem de reconciliação por sua vez. aqui não interessa nada o conteúdo mas sim, e apenas, a última frase. em vez de já sabes que te amo a escrita automática, por erro meu - talvez o telefone tivesse percebido exactamente a verdade do que eu penso -, seguiu já sabes que te como. logo de seguida, mal percebi a lenha que tinha acabado de atirar para a fogueira, enviei uma outra igual mas desta vez com a palavra correcta, a que ele queria que ela lesse e a que ela esperava ler. estou certa que terá gostado mais da segunda do que da primeira e que a primeira sem a segunda traria definitiva distância - mas que as duas, quase em simultâneo como seguiram, fizeram um bolo romântico no superlativo absoluto fizeram. uma maravilha de engano.