terça-feira, 30 de abril de 2013

amo-te, foda-se!

poderia bem ser o nome de um restaurante ou de um perfume ou, mais amiúde comum, de um livro - mas não é. trata-se de uma forma de expressão, a minha forma de expressão, a melhor que consigo arranjar, para dizer o quanto amo, oralidade e escrita, a língua portuguesa. e nisto cabem as palavras, as palavrinhas e os palavrões, todas filhas dela - da língua. trata-se de uma aproximação metafórica, riquíssima, assim como o Miguel Esteves Cardoso explica e usa e abusa. mais: usar oportunamente o calão será a foma mais digna de calar o bicho da expressão, linguagem cristalina que pouco tem de grosseira a não ser a quem não lhe chega à espinha dorsal. a alma precisa tanto de palavras como de palavrinhas e de palavrões - são uma espécie de momentos SPA (sim, neste caso também é possível dar para a sociedade portuguesa de autores que, de resto, diga-se, altamente elitista e viciada comó caralho), um resort luxuoso onde a palavra faz massagem e a palavrinha sauna e o palavrão talassoterapia em sessão. é, pois, inútil que tentem travar o palavrão quando não pretende designar verdadeiramente a substância da coisa  - estás a cagar para mim é a imagem mais perfeita que há para dizer que alguém não está a prestar atenção a outra; estás a foder-me a cabeça é a forma mais transparente de referir que alguém está incomodar fortemente outra; estragaste-me a puta da vida é a frase mais feliz que encontro para gritar o que este governo fez (...) - mas, antes, a coisa com substância.

por mim, está decidido: amo-te, foda-se!, palavrão, como, não em arma de arremesso, quando o estômago tem fome e precisa forrar-se com pão.

1 comentário:

  1. Anónimo14:23

    o foda-se vem a seguir ao amo-te, parece-me bem :)

    M.

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