quarta-feira, 20 de março de 2013

língua atrevida posta a calar

cabelos branquinhos, pele morena, vivacidade contagiante, olha-a fixamente nos olhos e depois pergunta-lhe: não tira o casaco? não, estou com uma camisa chegada ao corpo, apenas. e as palavras inocentes dela pareceram incendiar-lhe a imaginação, sentiu ela, quando durante toda a consulta ao pai, cuja conversa fez descobrir a mesma idade e os meus sítios onde jogaram à bola, irrequieto continuou a insistir para que tirasse o casaco. mas os instintos atrevidos não deveriam sair para o trabalho de consultar doentes - os instintos atrevidos deveriam ficar em casa a amarem a mulher que a aliança escolheu e que, com toda a certeza já não ama, só atura. ou então, na necessidade de irem trabalhar, os instintos atrevidos deveriam ser conscientemente travados - porque ela, e o que interessa é ela, não gostou. não gostou principalmente por não poder, língua atrevida posta a calar, o coração do pai não pode pagar, pôr o médico no sítio dele com uma resposta à maneira.

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