sexta-feira, 29 de março de 2013

fantasia frustrada

na sala de espera do hospital, ontem, uma criança para a outra:

clarinha, clarinha, queres vir comigo à casa de banho?
clarinha, clarinha, queres vir comigo à casa de banho?
clarinha, clarinha, queres vir comigo à casa de banho?

(repetir aí mais umas trinta e cinco vezes seguidas para sentir o verdadeiro efeito)

na mesma sala do hospital, ontem, uma criança que há em mim para outra criança que há em mim. em silêncio:

porquê que não se metem as duas dentro da retrete à espera que venha um cagalhão colorido armado em chupa-chupa fazer-vos felizes e caladas?

(repeti aí umas cinquenta vezes. é que a iteração por vezes torna a fantasia real o que, lamentavelmente, não aconteceu)

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