domingo, 6 de janeiro de 2013

se não és pelo porco, não leias.



a carne de porco anda na berra, como que a gritar eu cá sou boa, sou muito boa, nos melhores restaurantes do país - não é que ande a comer em restaurantes mas ando a ler por aí sobre porquices. longe vão os tempos em que comer a vaca era um luxo (curioso que ninguém pede carne de boi no talho. eu tenho uma teoria que, de resto, parece ser partilhada pela evidência de qualquer boca que se preze: enquanto que a vaca possui aquelas gordurinhas tão suculentas que a fazem tenra e gostosa, a porca é rija e a sua carne tem um sabor inconfundível, amargo, ácido, como que com resquícios de urina no lombo. é como comer galinha em vez de frango - vão-se os dentes e até os garfos e fica a galinha ali, rija, teimosa como se viva ainda estivesse). a nova tendência da cozinha gourmet está no porco: lombo, cachaço, perna. obviamente que se é possível fazer um belo assado para seis pessoas com cinco euros o mesmo não acontece se for vaca e será este, estou em crer, o maior argumento para o porco andar na moda. mas se for só este é fraco: o porco possui mais gordura, é certo, do que a vaca mas em contrapartida muito menos toxinas e, reconheçamos, é uma carne mais bonita, rosadinha, de textura mais uniforme. e depois há o courato, aquela maravilha que quando estala e se apresenta dourado faz-nos ter um orgasmo visual, olfactivo e de paladar - não fosse, isso mesmo, a cozinha e a mesa, os sítios onde são inventados e misturados e preparados e degustados os orgasmos. 

(então e a cama? a cama também, claro. mas a cama é como a mesa: sem a cozinha não existe.)