terça-feira, 10 de julho de 2012

o que eu gosto de uma boa ventania

quase sempre são correntes frescas que agitam as multidões - gosto mais de lhes chamar ventaneiras pela imagem de volta à tripa que me sugerem. isto a propósito da notícia sobre a senilidade de Gabriel Garcia Marquez, de Gabito, de um dos escritores dos meus olhos, amigo de tantas travessias, o melhor contador de histórias do mundo. e é isto que é ser senil neste mundo de sãos: é conseguir ver o que não está ao alcance dos olhos; é entrar por dentro do que está dentro; é viver repleto de alegria e humor, o que só conseguem fazer os sãos quando estão alienados. a senilidade é isto, é viver para contar até ao fim dos dias que temos. e eu recuso-me a aceitar que o Gabito esteja a ficar são. escrever-lhe-ei a mais linda carta para que renuncie a esta cólera que são os tempos de sanidade - vou lembrá-lo do amor.