sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

os rectângulos da vida

dou por mim a pensar como são sempre as coisas simples que nos fazem perceber tudo e, até, o quanto a noção de tempo e de espaço é frágil. como quando acordamos na noite, sem sabermos se está a meio ou no início ou no fim, à procura da luz do candeeiro e não o encontramos porque estamos deitados ao contrário e virados para o lado oposto. depois começamos, já mais despertos, a apalpar tudo o que está em volta para nos dar pistas do espaço. e o tempo fica focado, todo ele, ali naquele rectângulo que nos acolhe todos os dias e onde o mistério se cobre de lençóis e de edredons. depois, finalmente, conseguimos ligar-nos à terra e voltamos a adormecer, entre pensamentos apressados por descansar, consolados, por sabermos onde estamos e que a aurora ainda tarda. é simples: até o mistério da pequena morte precisa, mesmo sem saber para onde vai, mesmo ali naquele rectângulo, de se sentir seguro e dono do seu tempo.

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