quarta-feira, 28 de setembro de 2011

abóborar

 quando aparece uma abóbora gigante, elas não querem - gostam de abóbora em pequenas embalagens, aos cubinhos, completamente despida para mergulhar na sopa. e quem fica com ela sou eu: carrego-a e fico sempre com vontade de a deixar em cima de uma mesa para poder olhá-la, apreciar-lhe as linhas rugosas e as curvas tortas.e assim fica alguns dias. mas como, se a culpa fosse dos meus olhos possessivos, inevitavelmente se estraga, pego-a, antes que isso aconteça, como a uma jarra de flores, escolho a faca mais afiada e começo a recortar-lhe a primeira existência:  faço-a em gomos grandes, dispo-a, separo-lhe as pevides e deixo-a prontinha para ser congelada até, a pouco e pouco, ser vitamina salgada e doce na panela. este ritual, que envolve algum tempo e disposição, aguça-me o valor que lhes dou e faz com que cada vez goste mais delas.

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